Enviamos ao Diário da Região uma nota sobre as agressões que seus profissionais sofreram na terça-feira durante a cobertura da manifestação em Rio Preto. Leiam a íntegra da nota encaminhada ao jornal:
O DIFÍCIL EXERCÍCIO
DAS LIBERDADES
Uma transformação está
nas ruas. Está por todo o Brasil. Todos nós, de Rio Preto a São Paulo, de Porto
Alegre a Manaus, estamos vivendo esses momentos de explosão e vitalidade
democrática. Eles se alternam, num pêndulo em que predominam a exposição
pacífica, mas firme, das reivindicações, e distorções condenadas pelos próprios
manifestantes que foram às ruas para lutar por um Brasil melhor. Governantes,
políticos, os três níveis de poder estão sendo contestados, desafiados,
cobrados.
Mais saúde, educação
de qualidade, transporte digno e mais barato... As reivindicações estavam
represadas, foram se acumulando eleição após eleição: a verdade é que se
prometeu muito, se fez pouco e se ficou devendo bastante. Não foram apenas
jovens que saíram às ruas, embora eles fossem maioria no impulso inicial dos
protestos. E nem os protestos eram
dirigidos a partidos especificamente, mas à estrutura de poder administrativo e
legislativo que, em última análise, liberam verbas, aprovam projetos e
viabilizam e concretizam obras e serviços.
O interessante a
ressaltar, no nosso âmbito municipal, é que o deflagrador desses protestos
tenha sido o preço do transporte público. Desde 2011, estamos preocupados com
isso. Baixamos a passagem duas vezes e este ano já tínhamos antecipado que não
aumentaríamos o preço. Seguiríamos subsidiando, como, aliás, propôs a própria
presidenta Dilma. E governadores e prefeitos se ocuparam do assunto,
enfrentando cada um o seu aumento.
Nossa preocupação
social e a sensibilidade de minha equipe de trabalho de que o transporte pesa –
e já pesava – muito no bolso do trabalhador conduziram essa decisão, e
determinam outras ações nas áreas de obras e serviços, bem como as parcerias
apartidárias com o governo federal e o governo estadual.
Recordo rapidamente
tudo isso porque quero reconhecer, como já o fiz no meu Facebook, a
legitimidade dos protestos que, em Rio Preto, foram conduzidos de forma
ordeira, sem vandalismos. Até ontem, terça-feira, quando um pequeno grupo se
excedeu no terminal de ônibus, agredindo profissionais de imprensa do Diário da
Região, que lá estavam cumprindo a missão de registrar os fatos, fossem eles
quais fossem.
Manifesto-me, como
prefeito, solidário com o Jornal e seus profissionais, da mesma maneira que
repudio atos que ultrapassam os limites da civilidade, que destroem
equipamentos públicos e propriedades privadas. Os exemplos, é triste constatar,
são muitos pelo Brasil afora. Todos condenáveis. Mas felizmente prevalecem as
manifestações democráticas – um exemplo da maturidade dos brasileiros e dos
rio-pretenses. E da maioria esmagadora dos nossos jovens.
As liberdades de ir e vir,
de manifestação e protestos são não apenas legítimas, mas imprescindíveis.
Sagrados e necessários são o direito de discordância e opinião, amparados
constitucionalmente. Exercida com equilíbrio, consciência e responsabilidade, a
liberdade de imprensa tem e terá sempre meu apoio e nossa palavra e compromisso
de defesa. Essa é a minha história de vida, desde os bancos escolares.
Discordância de
opinião não se expressa com agressão, com depredação e vandalismo. Diverge-se
com a força dos argumentos da luta, não com a violência da força bruta.